Autoria: Associação Nacional das Coberturas Verdes
A expansão urbana e o crescimento da população, entre outros, deram origem à perda dos habitats naturais, levando a alguns dos problemas com que nos confrontamos atualmente, como o aquecimento global, a perda de biodiversidade e a degradação ambiental. De acordo com o relatório da OMS, todos os anos morrem sete milhões de pessoas por causas diretamente relacionadas com a poluição. Estes fenómenos têm grande impacto nos centros urbanos, que devido ao aumento da população alteraram de modo significativo a presença de solo permeável. Segundo as Nações Unidas, 55% da população mundial vive em áreas urbanas, uma proporção que deve aumentar para 68% até 2050. A construção de novos edifícios e estradas, consequência do crescimento das cidades, provoca o aumento de áreas impermeáveis onde a água da chuva não mais se pode infiltrar nos solos, cumprindo uma das suas funções essenciais: a recarga de aquíferos. A consequência disto faz-se notar através de inundações mais graves e mais frequentes como aquelas com que nos deparamos no final de ano de 2022, em Lisboa e no início de 2023 no Porto. Com esta dinâmica de crescimento das cidades, e cientes dos problemas que isso provoca, é importante referir que as soluções com base na natureza (nature based solutions (NBS)), tais como as coberturas verdes, podem dar um enorme contributo para se minorar as consequências ambientais e falta de resiliência das cidades modernas. Estas soluções já fazem parte do planeamento estratégico de inúmeras cidades, em diferentes locais do mundo.
Tendo em conta que a área de telhados numa cidade ocupa, habitualmente, 40 a 50% da estrutura horizontal nas áreas construídas – sendo grande parte da restante percentagem vias alcatroadas -é possível perceber que a área de coberturas é fundamental para a gestão do fluxo de águas pluviais.
A implementação de coberturas verdes nos edifícios cria uma rede de espaços verdes de captação e atraso de águas, que contribuem para o aumento de biodiversidade e diminuição da temperatura do espaço exterior e contribui como solução para o isolamento acústico e térmico no espaço interior. As coberturas verdes podem absorver até 75% das chuvas que caem sobre as mesmas que, ao ser filtrada pela vegetação e solo pode ser armazenada de modo a ser reutilizada.
Para além disso, estudos indicam que as coberturas verdes reduzem até 48% da energia utilizada para refrescar o edifício, com redução de temperatura interna de até 4° C. Para fazer face à carência de conforto térmico nos edifícios é necessária uma alteração no modo tradicional de construção, implementando sistemas e métodos mais adequados. Incluindo as vantagens acima mencionadas, sublinha-se a capacidade das coberturas verdes de captação de CO2 e produção de oxigénio, a retenção de poeiras e partículas em suspensão no ar, a proteção da impermeabilização e redução dos custos energéticos, o aumento do espaço útil na cidade e, claro, a valorização imobiliária. Importante de ser mencionado que as coberturas verdes podem ainda ser usadas como hortas urbanas tornado possível usufruir destas áreas que, normalmente, não são utilizáveis. Hortas urbanas construídas no topo dos edifícios estão já a ser implementadas em várias cidades. Contrariamente ao que se crê, a escolha de instalação entre uma cobertura verde ou um sistema de energia solar fotovoltaica não deve existir. Estes sistemas devem sim ser combinados num Biosolar Roof.
Esta fusão permite maximizar a biodiversidade da cobertura assim como o rendimento do sistema de energia solar fotovoltaica.
Cada cobertura verde é única e singular e tem de ser planeada como tal.
Tendo isto em mente, a Associação Nacional de Coberturas Verdes, criou o Guia Técnico para Coberturas Verdes. Este reflete um trabalho de 3 anos e tem como objetivo acompanhar o projetista em todas as fases, desde projeto até à manutenção da cobertura verde. Entendendo que existem milhões de metros quadrados de coberturas de edifícios e muitos mais se vão construir, porque é que não devemos aproveitar essa oportunidade para fazer com que esses espaços nos forneçam serviços ecossistémicos que são essenciais para a saudável existência dos seres vivos?
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