Nesta nova série de artigos, da autoria de Graziela Meister (texto e fotos), a ideia é mostrar o seu universo privado e como coabita com as orquídeas, para além de informações pertinentes e com uma forte componente prática sobre como cuidar das mesmas. Aqui trazemos a SCHOMBURGKIA SPLENDIDA em flor ao longo de Agosto.
Schomburgkia é um género botânico que pertence à família Orchidaceae, proposta pelo botânico inglês John Lindley em 1838. O seu nome é uma homenagem ao botânico alemão Moritz Richard Schomburkian. Este género é composto por 15 espécies distribuídas do sudeste do México ao sul do Brasil, mas são mais comuns na América Central, onde habitam de forma epífita em áreas quentes e ensolaradas de matas abertas.Como tantos outros géneros, este também é motivo de muita discórdia entre taxonomistas. Alguns orquidófilos não aceitam o género Schomburgkia preferindo subordinar as suas espécies ao género Laelia.
A Schumburgkia splendida encontra-se na América Central particularmente no Belize, Guatemala, Honduras e México. Para a cultivarmos da forma mais semelhante ao seu habitat ela deve estar em pleno sol, mesmo que as folhas fiquem amareladas. Suporta temperaturas entre os 10° e os 40° e floresce entre setembro e dezembro.
“Cultivo Schomburgkia em Portugal desde há 15 anos. Como vivo no Porto perto do mar, as temperaturas que tenho poucas vezes passam dos 30°. Na foto pode-se ver o local onde a cultivo. É o aproveitamento do vão das escadas no último andar, onde tem uma claraboia de vidro espesso, com um lado virado a nascente, outro a sul e outro a poente. É um espaço aberto com janelas para o exterior e com uma tela de sombra e anti calor que é descida só nos meses de calor intenso para evitar queimaduras nas folhas das orquídeas. Desde outubro a fins de março, dependendo de ano para ano das temperaturas, deixo entrar todo o sol. As orquídeas que gostam de sombra ficam nas partes mais baixas não sendo atingidas pelos raios solares, mas as Schomburgkia estão nas prateleiras superiores a apanhar o maior número de horas de sol possível. Este género é um dos que necessita de mais luz, calor e sol para florir.”
Os exemplares atingem um tamanho muito grande tornando-se por vezes difícil de manter dentro de um vaso, até porque se desenvolvem rapidamente emitindo pseudobulbos com muitas raízes para fora do vaso. A planta além de ser grande é muito pesada, pois tem pseudobulbos grandes bem como as suas folhas que além de serem grandes são muito grossas e duras. A haste floral pode atingir 2m e demora uns três meses a desenvolver-se.
“O meu cultivo é simples. Uso vasos de plástico para manter a humidade mais tempo diminuindo a frequência das regas. Estas são racionais e não uma ou duas vezes por semana conforme muita gente diz.
A frequência das regas depende de muitos fatores: do tipo de vaso, do tipo de substrato, do grau de humidade ambiente e muito especialmente da temperatura do local onde a orquídea está colocada. Se chover ou o grau de humidade for muito alto, quase não é preciso regar. Pelo contrário se este for baixo ou se estiver muito calor a rega tem de ser mais constante. Deve-se durante o tempo frio regar nas horas matinais, para que o substrato seque o mais possível até à noite e no tempo quente, logo que o calor seja menos e mesmo à tardinha depois do por do sol para que as orquídeas descansem húmidas depois de um dia de stress de mais calor.”
Para facilitar o trabalho com as orquídeas, a adubação é feita com adubo granulado que coloco nuns recipientes perfurados que vão largando o adubo consoante a rega.
O substrato a usar, sendo este género, epífita, quer dizer que vive agarrado às árvores, deve ser o mais arejado possível, utilizando inertes para evitar a sua substituição frequente, o que prejudica o desenvolvimento natural da orquídea.
“A base deve ser sempre 50% de casca de pinheiro de calibre grande e de boa qualidade, preparada para orquídeas, dividindo depois os outros 50% por argila expandida, areão, carvão da nossa lareira ou cortiça. Eu misturo à casca de pinheiro um ou dois destes inertes que tiver disponíveis. Também se pode usar um pouco de perlite para manter a humidade.
Tenho por costume trazer as orquídeas em flor para um cantinho que tenho no salão e depois de murcharem as flores ficam num local com menos calor as que são de estufa quente, para descansarem e se reabilitarem do desgaste que tiveram a florir. Quando começa a puxar novos pseudobulbos, quando a fase vegetativa começa a estar ativa, voltam para o seu local primitivo. É neste preciso momento que devemos mudar a orquídea de vaso ou simplesmente de substrato se isso for necessário. Não sendo necessário, pois o vaso ainda comporta o crescimento de mais pseudobulbos e o substrato não está desfeito, tipo terra, o ideal é não mexer na planta, pois evitamos danificar algumas raízes.”
Para mais informações contactar para lusorquideas@gmail.com
Sobre a autora: Graziela Meister é um nome incontornável em Portugal quando falamos de orquídeas.
Presidente da Associação Portuguesa de Orquidofilia APO (2006) tem sido incansável na divulgação e sobretudo em criar ligações entre todos os amantes destas plantas.